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quarta-feira, 18 de abril de 2012

Café sem prosa

Meu avô completaria mais uma primavera nesta semana. Lembro-me dele com frequência, em abril, mês do seu nascimento e morte, as lembranças estão ainda mais constantes. Eu não sei ao certo quantos anos ele faria, pois Antônio, ou melhor, vó Toninho, não foi meu avó desde que eu nasci. Na verdade, nenhum dos netos e bisnetos tinham laços sanguíneos com ele. É que Antônio se casou com Maria, que já era mãe, mas eles nunca tiveram filhos juntos. Mas isso pouco importa. O legal é que ele adotou todos os rebentos da Zélia como netos. Os filhos dos filhos dela também o tiveram como bisavô.

Eu me tornei neta de Antônio de uma forma um pouco diferente, porém pela mesma razão: pelo amor, pelo coração. Ele e a vó Maria eram pessoas apaixonantes, tratei logo de adotá-los. Pedia a benção, almoçava aos domingos com eles, ouvia conselhos e chorava minhas mágoas. Mesmo após mudar de Ibitira eu aguardava ansiosamente o momento do reencontro com eles.Os dois viviam felizes, no entanto, a vó se foi inesperadamente cedo e primeiro do que Toninho; apesar de ela ser mais forte, sadia. A casa ficou um pouco mais triste e o vô insistia em permanecer lá, sozinho, até que um infarto o deixou com sequelas e impossibilitado de se cuidar.

O tempo passou e há quase um ano Deus o levou, certamente para perto daquela que ele mais amava, minha eterna avó Maria. De uma certa forma, foi melhor para o vô, ela estava sofrendo muito, não andava mais, as palavras saíam com dificuldade. Aí eu fico na saudade, com uma vontade incurável de poder tomar um café com bons dedos de prosa e abraços que só ele tinha.

Um comentário:

Unknown disse...

Que lindo amiga...me veio tantas boas lembranças...impossível conter as lágrimas. Sinto tanta falta deles...de vez em quando olho as fotos e relembro aquele tempo bom.Quando vou lá nem naquela rua passo mais, perdeu a graça..o sentido! Mas eu sei que de onde eles estão eles podem nos ver e sentir o nosso carinho. Deus ilumine sempre a sua vida, vc é uma pessoa maravilhosa e eu sei que Ele te dará forças para continuar. Sinto saudades, dos nossos tempos de criança, amigas, irmãs e me pergunto: porque a vida nos afastou?como seria se isso não tivesse acontecido? Mas eu sinto que por mais que não somos mais grudadas como na infância ainda sinto um enorme amor por vc e torço muito pela sua felicidade e sucesso.Sempre amarei vc, minha primeira melhor amiga,rs minha eterna amiga! Força, saúde e amor! Karina